Notícias / Saúde Ocular / Diagnóstico precoce de ceratocone melhora a qualidade de vida de pacientes e o controle da doença
Fique de Olho
Fique de Olho

Diagnóstico precoce de ceratocone melhora a qualidade de vida de pacientes e o controle da doença

Diagnóstico precoce de ceratocone melhora a qualidade de vida de pacientes e o controle da doença

Entenda o ceratocone: causas, sintomas e tratamentos

O ceratocone é uma doença ocular identificada pelo afinamento e pela deformação progressiva da córnea. Normalmente asférica, a córnea dos portadores de ceratocone adquire um formato cônico, prejudicando a forma como a luz é focada na retina e levando a distorções visuais. A condição afeta principalmente jovens, com a maioria dos casos surgindo entre os 10 e 20 anos de idade.

Os principais fatores de risco para o desenvolvimento do ceratocone incluem predisposição genética e alergias oculares, sendo o ato de esfregar os olhos repetidamente um fator que pode acelerar o afinamento e a deformidade da córnea.

Segundo a oftalmologista Andrea Greco, consultora convidada da Rodenstock Brasil, os sintomas mais comuns incluem piora progressiva da visão, sensibilidade à luz, astigmatismo irregular e necessidade frequente de trocar a prescrição dos óculos.

Andrea Greco, oftalmologista, consultora convidada da Rodenstock Brasil – CRM SP 117351 – RQE Nº: 75476

A médica explica que o diagnóstico do ceratocone é feito por meio de exames específicos, como a ceratoscopia computadorizada, a paquimetria e a tomografia de córnea, que permitem avaliar a espessura, a curvatura e a topografia da córnea. “Em casos iniciais, óculos ou lentes de contato gelatinosas podem ajudar. Em situações mais avançadas, lentes gás-permeáveis, lentes especiais como RoseK, semi-esclerais e esclerais são indicadas”, orienta. “Quando a condição avança, o procedimento de crosslinking da córnea pode ser recomendado para fortalecer a estrutura, diminuindo o risco de progressão”, complementa Andrea.

A empreendedora Rayane Aguiar da Silva tem 24 anos e descobriu o ceratocone inesperadamente ao buscar uma consulta para corrigir a miopia. “Fui ao oftalmologista ao descobrir que poderia operar a miopia, mas após os exames, recebi o diagnóstico de ceratocone em estágio avançado, no grau 3, especialmente afetando o olho esquerdo”, conta Rayane. Para ela, o diagnóstico foi um choque, especialmente porque sentiu que sua visão estava cada vez mais comprometida, principalmente à noite.

Rayane Aguiar da Silva, empreendedora

Inicialmente, foi preciso controlar a alergia ocular de Rayane, essencial para evitar o agravamento do ceratocone. Após essa etapa, ela realizou o implante de anéis intraestromais, que ajudam a melhorar a curvatura da córnea e sua acuidade visual. Hoje, após o procedimento, Rayane relata que sua qualidade de vida mudou. “Consegui voltar a dirigir à noite, o que antes era impossível devido à visão distorcida”. A recuperação foi relativamente tranquila, permitindo que ela reduzisse o uso de óculos, embora ainda seja necessária uma correção para situações de baixa luminosidade.

O oftalmologista Armando Signorelli afirma que o ceratocone possui quatro graus diferentes.

Grau 1 – o paciente tem ceratocone, porém não sabe e acha que está enxergando bem.

Grau 2 – o paciente está enxergando mal, os óculos não servem mais e precisa de lentes de contato.

Grau 3 – neste grau o paciente precisa de uma prótese, chamada anel intracorneano, ou Anel de Ferrara, nome do médico que o inventou.

Grau 4 – a córnea está tão fina que não cabe mais a prótese, e será necessário transplante.

“O Anel de Ferrara é também utilizado como coadjuvante no tratamento do ceratocone, facilitando a possibilidade de adaptação de uma correção óptica. Esta técnica consiste na implantação de uma prótese de acrílico na intimidade do tecido corneano de modo a alterar a curvatura da córnea na quantidade necessária para a correção que se deseja obter”, explica Signorelli.

Armando Signorelli, médico oftalmologista, CRM-SP: 49.675 | RQE 30955

A auxiliar administrativa Tatiana Cardoso, hoje com 47 anos, tinha dificuldades para enxergar e usava óculos desde jovem. Mesmo com os óculos, ela afirma que sua visão não era totalmente clara e o oftalmologista que consultava na época não detectou o ceratocone.

Tatiana Cardoso, auxiliar administrativa

Ela conta que foi por volta de 1997, quando tinha 19 para 20 anos, que conheceu o Dr. Armando Signorelli e começou a tratar o ceratocone com lentes rígidas, que ajudaram a conter o avanço do cone e a melhorar a visão.

“Um dia, durante o trabalho, senti uma dor insuportável no olho direito e corri para a clínica. Lá, descobri que minha córnea estava rompida e, como já estava na fila do transplante, esperei cerca de um mês e meio e, felizmente, recebi a notícia de que estava tudo pronto para o procedimento”, recorda Tatiana.

O transplante foi realizado no dia 24 de fevereiro de 1999. “As primeiras pessoas que vi após a cirurgia foram meus pais, e enxergá-los com uma clareza que nunca havia tido antes foi extremamente comovente”, diz.

Tatiana afirma que fez o implante do anel de Ferrara no olho esquerdo, que também tem ceratocone. “O transplante e os procedimentos realizados transformaram minha vida e me permitiram enxergar o mundo com mais clareza”, finaliza.

Ceratocone infantil

O ceratocone infantil é raro, mas ocorre. Crianças com histórico familiar e alergia ocular têm maior risco, devendo ser acompanhadas de perto. “O controle da alergia é fundamental para impedir a evolução da doença, e o crosslinking é uma opção eficaz para estabilizar o ceratocone infantil em casos de progressão”, ressalta a oftalmologista Andrea Greco. Embora o uso de lentes de contato melhore a visão, elas não previnem o avanço da doença, reforçando a importância do diagnóstico e acompanhamento  precoces.

Para crianças, especialmente aquelas com histórico familiar de ceratocone, os pais devem estar atentos aos sinais como coçar os olhos em excesso, fotofobia e dificuldades visuais.

Sinais e sintomas do ceratocone:

Dificuldade visual progressiva: o ceratocone geralmente se manifesta com uma piora progressiva na visão. Elas podem se queixar de visão embaçada ou distorcida.
Alto astigmatismo: o ceratocone frequentemente causa astigmatismo irregular e miopia, o que dificulta enxergar claramente objetos distantes.
Troca frequente de óculos: é comum a troca frequente dos óculos, pois a prescrição pode mudar rapidamente à medida que a córnea continua a se deformar.
Esfregar os olhos: crianças com ceratocone tendem a esfregar os olhos mais do que o normal, o que pode agravar a condição, acelerando o afinamento da córnea.
Fotofobia e halos: pessoas com ceratocone podem desenvolver sensibilidade à luz e perceber halos ao redor de fontes de luz, especialmente à noite.

📱 Clique aqui para seguir o canal do Fique de Olho no WhatsApp

COMPARTILHAR:

Renata Barussi

Jornalista com mais de 30 anos de experiência como repórter, redatora para mídias digitais, sites e blogs, e assessora de comunicação e marketing digital. (MTB 24.504)

Postagens: 51

A Fique de Olho utiliza cookies para tornar sua experiência online melhor! Ao continuar nessa página, você concorda com o uso de cookies e com nossos Termos de Uso e Política de Privacidade.