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Pesquisa inédita revela turnover e expõe desafios de gestão nas ópticas

Pesquisa inédita revela turnover e expõe desafios de gestão nas ópticas

Pesquisa inédita revela problemas e destaca como fortalecer a gestão de pessoas nas ópticas

Apenas 4,3% classificam o ambiente como muito satisfatório, embora 63,4% o considerem ao menos satisfatório

O turnover, termo usado para definir a rotatividade de profissionais em uma empresa, é um dos principais indicadores da saúde da gestão de pessoas. Quando em níveis elevados, ele aponta para problemas como falta de engajamento, baixa motivação, ausência de oportunidades de crescimento ou mesmo falhas na cultura organizacional.

No varejo óptico, que emprega cerca de 180 mil pessoas no Brasil, o tema acaba de ganhar um retrato inédito com a primeira pesquisa nacional sobre turnover em ópticas, realizada pela Abióptica em parceria com a consultora Gislene Carvalho. O levantamento funciona como um raio-x preciso da empregabilidade no setor e trouxe dados que acendem um alerta para gestores:

  • 36,6% dos funcionários afirmaram que ninguém apresentou a cultura da empresa no primeiro dia.
  • 34,4% relatam que a empresa não tem ações de prevenção de conflitos.
  • 44,1% dizem que a liderança nunca busca entender suas necessidades.
  • Apenas 4,3% classificam o ambiente como “muito satisfatório”, embora 63,4% o considerem ao menos “satisfatório”.

Para a diretora-executiva da Abióptica, Ambra Nobre Sinkoc, o cenário exige ação imediata. “Retenção não é só salário, é gestão inteligente, líderes preparados, escuta ativa e valorização diária do time. Quando a empresa cria vínculo emocional, naturalmente diminui a perda de talentos”, afirmou destacando ainda que a entidade pretende apoiar o setor disseminando boas práticas, promovendo capacitações em liderança humanizada durante a Expo Óptica 2026 e estimulando pesquisas contínuas de engajamento.

diretora-executiva da Abióptica, Ambra Nobre Sinkoc

A executiva também chamou atenção para a importância de um onboarding bem estruturado. Segundo a pesquisa, 36,6% dos colaboradores nunca tiveram contato com a cultura da empresa no primeiro dia de trabalho. “Isso é grave, pois o primeiro dia é decisivo, o que começa mal, acaba mal. Um acolhimento verdadeiro e a apresentação de valores e missão já transformam a experiência do novo colaborador”, avaliou Ambra.

Na visão da consultora Gislene Carvalho, o desafio passa pelo fortalecimento do clima organizacional. Ela lembra que apenas 4,3% dos profissionais consideram o ambiente de trabalho muito satisfatório. “Conflitos com a gestão, falta de reconhecimento, ausência de oportunidades de crescimento e até a inexistência de uma cultura estruturada impactam fortemente na satisfação do colaborador”, explicou.

Outro ponto crítico apontado por Gislene é o reconhecimento. Embora 31,2% dos entrevistados citem esse fator como determinante para a permanência, menos da metade afirma sentir-se valorizada. “Estamos na era da pessoalidade. As pessoas querem ser vistas, ouvidas, ter qualidade de vida e criar relacionamentos. Esse é o apelo das novas gerações, estar em uma empresa humanizada”, disse. Para ela, soluções simples podem ajudar, como pesquisas de clima, feedbacks estruturados, planos de carreira e processos seletivos mais assertivos.

Gislene Carvalho, consultora

Ambra também reforça que a chegada da Geração Z ao varejo óptico exige um novo olhar da liderança. “Eles pedem propósito, feedback rápido e tecnologia. Já líderes mais experientes prezam estabilidade e processos. O desafio é unir essas diferenças, e acredito muito em mentorias cruzadas como ferramenta de integração real”.

Para Gislene, o risco está no excesso de otimismo de alguns gestores. “Achar que é fácil liderar como antes faz com que eles não se capacitem nem busquem meios atualizados. Cada ser humano é único, com motivações específicas, e a sobrevivência dos negócios depende de entender essa nova geração”, pontuou.

Ambas concordam que o estudo representa um divisor de águas. “Agora precisamos transformar o diagnóstico em prática, investir em liderança humanizada, criar rituais de reconhecimento, acompanhar o clima interno e preparar gestores para lidar com diferentes perfis”, concluiu Ambra.

Já Gislene vê na pesquisa um marco para o futuro do setor. “Temos um material atualizado que será um arcabouço para a tomada de decisões mais assertivas, capaz de orientar pequenas e grandes redes na construção de uma cultura organizacional saudável e duradoura”, finaliza.


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Renata Barussi

Jornalista com mais de 30 anos de experiência como repórter, redatora para mídias digitais, sites e blogs, e assessora de comunicação e marketing digital. (MTB 24.504)

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