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Mercado óptico infantil: é preciso mais que investimento para ter sucesso 

Mercado óptico infantil: é preciso mais que investimento para ter sucesso 

Enxergando além das lentes: desafios e oportunidades no mercado óptico infantil.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) tem reconhecido o aumento global da miopia como um problema de saúde pública, inclusive entre as crianças. Enquanto a procura por óculos infantis cresce, os profissionais especializados em produtos kids no setor óptico apontam algumas dificuldades em trabalhar exclusivamente para este público. Por outro lado, quem se arrisca e insiste neste nicho consegue se destacar.

O proprietário e distribuidor da marca Silmo Kids, Ricardo Kolber, aponta algumas particularidades do setor infantil, que segundo ele, corresponde a menos de 15% do total do mercado óptico, e por não ser um número tão expressivo, poucas empresas ou empresários investem nesta fatia.

Kolber explica que muitos distribuidores evitam o segmento kids em razão da dificuldade de fazer valer a garantia das peças. “Os distribuidores quando vendem para as ópticas têm que dar garantia de quebra por fabricação, porém muitas vezes as crianças destroem, literalmente, os óculos, por mau uso, e não adianta explicar, você acaba tendo que fazer a troca, e é por isso que evitam trabalhar no mercado kids”.

De acordo com o empresário, muitos já se aventuraram, mas só permanece quem conseguiu um bom fornecedor, com peças flexíveis, de boa qualidade e mais resistentes. “Na China você encontra produtos que vão do lixo ao luxo, e quem vai atrás só de preço, pega fornecedor de baixa qualidade, tem muito problema, acaba não tendo reposições, e faz com que o trabalho seja perdido”, avisa Kolber que afirma surgir um novo fornecedor a quase cada dois meses. “Quando ele começa ver as dificuldades já desiste, pois de fato é um mercado difícil de trabalhar”.

As empresas que continuam no mercado infantil disputam os bons fornecedores e quem já está estabelecido garante que não é possível trabalhar com as mesmas margens de lucro que as de receituário adulto.

“No Brasil os pais têm a ideia de que armação infantil tem que custar mais barato, seja porque a criança vai crescer e precisar trocar os óculos mais rápido que um adulto, ou porque a peça vai quebrar logo”, sugere Kolber. “O pensamento de muitos pais é: ‘já que vai durar pouco não justifica pagar um valor mais alto’”, acredita o distribuidor.

O médico oftalmologista Ricardo Roizenblatt confirma que realmente há um aumento preocupante nos casos de miopia em crianças em todo o mundo, relacionado ao estilo de vida moderno, onde elas passam mais tempo em frente às telas e também nas salas de aula.

Com esse crescimento nos casos de miopia, o contato das crianças com os óculos e consequentemente com as ópticas, tem acontecido cada vez mais cedo e o médico ressalta a importância de uma abordagem amigável e lúdica por parte dos profissionais. “As ópticas infantis criam um ambiente acolhedor e amigável para as crianças e isso ajuda a reduzir a ansiedade e o medo associados aos exames oculares”.

Ricardo Roizenblatt, Médico Oftalmologista

A empresária Mairane Jakeline Poganski é proprietária da Garden kids, uma óptica em Curitiba exclusiva para crianças. Após trabalhar por 17 anos em óptica para adultos, há 10 anos realizou o sonho de se dedicar integralmente ao mundo infantil. Ela afirma que para permanecer neste segmento é fundamental gostar de criança e ter muita paciência.

“Eu considero dois momentos importantes ao atender uma criança: o primeiro é quando ela chega. O ambiente tem que ser lúdico, as profissionais devem ser meigas para que a criança fique à vontade e confiante para escolher a armação, e quanto mais pessoas da família melhor, pois a família interage junto”, orienta.

O segundo momento é quando a criança vai buscar os óculos. Mairane afirma que não é só fazer a entrega. “Dependendo da faixa etária, nós utilizamos atividades lúdicas, contação de histórias, jogos, álbum de figurinhas, tudo para ela entender que é legal usar óculos e que ela vai enxergar o mundo melhor”.

Formada em magistério, a empresária também cursou pedagogia e foi catequista, agora utiliza as técnicas pedagógicas no treinamento de suas colaboradoras para o atendimento às crianças, inclusive com as histórias que são contadas durante as atividades onde os personagens também são usuários de óculos. “Para trabalhar com criança tem que ter entrega e visão, porque é tudo muito específico e diferente”, cita. “Atendemos muitas crianças especiais, cadeirantes, e outras que às vezes chegam assustadas, então primeiro brincamos um pouco para depois começarmos o atendimento”.

Para Mairane o mercado óptico brasileiro está apenas engatinhando e só agora que estão surgindo mais opções de armações infantis. “Acima do tamanho 48 tem bastante variedade, mas para bebês tem pouca. Os fabricantes precisam ter esse olhar que o número de crianças com óculos está aumentando por causa das telas, porém eles focam apenas nos adultos. Poucas marcas investem em armações infantis”, ressalta, e ainda revela que o poder de escolha é da criança, em 80% das vezes.

Apesar da pouca concorrência, pelo menos de lojas exclusivas em óculos infantis, o retorno financeiro fica bem abaixo do comparado ao de uma óptica com peças para adultos, afirma a empresária. “O retorno financeiro não tem comparação com uma ótica de adultos, é a metade do faturamento, mas a minha realização profissional é muito grande. Muitas pessoas falaram que eu não conseguiria, mas tenho tanto amor no meu trabalho que estou aqui”, revela.

A administradora de empresas Cinira Amaral Ferraz, conta que ficou receosa quando a filha Gabriela Ferraz Senff, na época com 5 anos, precisou de óculos. A família foi junto para a Garden Kids e ficou encantada com o local. “O ambiente proporcionou bem-estar e foi mágico. O espaço foi criado especialmente para as crianças e eu fiquei impressionada com o atendimento personalizado, cheio de amor”, diz.

A experiência foi tão positiva que a Gabriela acabou ditando moda entre as amiguinhas e a irmã gêmea. “As profissionais da óptica atenderam de uma forma que mostraram que usar óculos é algo charmoso, fashion, e hoje é um acessório. Isso facilitou muito, ajudou minha filha a gostar de usar óculos e até as amiguinhas dela queriam usar. Minha outra filha, que é gêmea, e não precisa de óculos, quis usar e tivemos que comprar uma armação com lentes sem grau para ela”, conta Cinira.

A diarista Camila Vieira de Souza, mora em Ribeirão Preto e é mãe do Antônio Vieira de Souza, de 5 anos, que também precisou de óculos desde cedo. A experiência deles também foi positiva na óptica escolhida para fazer os óculos infantis. “Eles foram muito atenciosos, deixaram meu filho bem à vontade para escolher os óculos que ele queria, nos explicaram todo o processo, e o atendimento personalizado fez toda diferença”.

O oftalmologista defende que uma ótica especializada em óculos para crianças costuma acertar na escolha das armações e lentes. “As crianças têm necessidades diferentes quando se trata de óculos e as ópticas especializadas oferecem armações projetadas para resistirem ao uso ativo e ao mesmo tempo serem confortáveis. Além disso, existem lentes que ajudam a não progressão da miopia em crianças, e normalmente essas ópticas estão atentas a estas questões”.

Box:

Dicas do oftalmologista

1.         Tempo ao ar livre: as crianças devem passar mais tempo ao ar livre, especialmente durante os primeiros anos de vida. A exposição à luz natural ajuda a regular o crescimento do globo ocular e pode reduzir o risco de miopia.

2.         Descanso visual: implemente a regra “30, 30, 30” para reduzir a fadiga ocular. A cada 30 minutos, peça à criança para olhar para algo a 30 metros de distância por pelo menos 30 segundos, enquanto estiver usando dispositivos eletrônicos ou lendo.

3.         Distância de leitura: certifique-se de que a criança mantenha uma distância adequada ao ler ou usar dispositivos eletrônicos. Manter o material de leitura na mesa e as costas eretas na cadeira.

4.         Iluminação adequada: garanta que a iluminação seja adequada ao ler ou estudar. Evite ambientes muito escuros.

5.         Consultas oftalmológicas regulares: leve a criança para exames oftalmológicos regulares. O diagnóstico precoce de miopia permite intervenções adequadas e pode ajudar a controlar a progressão.

6.         Limitar o uso de dispositivos eletrônicos: estabeleça limites de tempo para o uso de smartphones, tablets e computadores. Isso ajuda a reduzir a exposição prolongada à luz de tela.

Texto: Renata Barussi

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Renata Barussi

Jornalista com mais de 30 anos de experiência como repórter, redatora para mídias digitais, sites e blogs, e assessora de comunicação e marketing digital. (MTB 24.504)

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