Nos últimos meses, a cirurgia de ceratopigmentação — procedimento que altera permanentemente a cor dos olhos — voltou a ganhar atenção nas redes sociais. Influenciadoras digitais compartilharam suas experiências com a técnica, reacendendo debates entre profissionais da oftalmologia e do mercado óptico sobre os perigos associados a esse tipo de intervenção.
A ceratopigmentação consiste na aplicação de pigmentos na camada intermediária da córnea com o objetivo de alterar sua coloração. Apesar de ser uma técnica originalmente desenvolvida para fins terapêuticos, como no tratamento de aniridia (ausência da íris), opacidades corneanas ou recuperação de traumas oculares, nos últimos anos tem sido aplicada para motivos puramente estéticos. No entanto, esse tipo de uso é proibido pela Anvisa no Brasil, e enfrenta severas críticas de médicos e especialistas.
O Dr. Bruno Landgreen explica que “a ceratopigmentação pode ser comparada a uma tatuagem, mas realizada em um tecido delicado e essencial para a visão: a córnea, que precisa ser completamente transparente para garantir imagens nítidas e saudáveis. Quando realizada exclusivamente por motivos estéticos, a cirurgia apresenta riscos que se sobrepõem aos benefícios, podendo causar danos permanentes.”

Segundo especialistas, os riscos do procedimento ultrapassam as expectativas estéticas desejadas. Entre os problemas potenciais estão:
- Infecções severas, como endoftalmite;
- Inflamações crônicas, que podem persistir por anos;
- Perfuração da córnea, com risco de perda funcional do olho;
- Aumento da pressão intraocular, que pode evoluir para glaucoma;
- E, em casos extremos, cegueira irreversível.

O Dr. Landgreen reforça que: “É imprescindível que qualquer intervenção na córnea seja avaliada com extremo cuidado, pois as consequências podem comprometer de forma irreversível a qualidade visual do paciente.”
Acesse o video com entrevista do Dr. Bruno Landgren: https://www.instagram.com/reel/DLVAMOzMWZS/?igsh=M3RjeXkzcmdsNWts
Em vez de recorrer a intervenções cirúrgicas arriscadas, especialistas recomendam alternativas temporárias e seguras, como as lentes de contato coloridas. Adquiridas com prescrição médica e acompanhadas por profissionais da área óptica, as lentes podem satisfazer o desejo de mudança estética sem comprometer a integridade ocular.
Além disso, é essencial que profissionais do setor óptico desempenhem um papel educativo fundamental. Frente à crescente exposição de práticas médicas controversas, os especialistas têm o dever de informar a população sobre os riscos e defender o acesso a alternativas confiáveis.
Cabe aos profissionais das ópticas um papel essencial na promoção de escolhas responsáveis. Eles devem:
- Educar os clientes sobre os perigos de intervenções não regulamentadas;
- Oferecer alternativas seguras, como lentes de contato;
- Reforçar a importância de consultas oftalmológicas regulares.
Conforme reforça o médico oftalmologista Dr. Bruno Landgren, “A visão é um dos tesouros mais preciosos que temos, e cuidar dela deve ser sempre prioridade.”
Minimizar os riscos para a saúde ocular começa com a conscientização. Intervenções como a ceratopigmentação, quando voltadas exclusivamente à estética, colocam a visão em perigo. O papel de educadores visuais do setor óptico e o esforço em orientar o público são fundamentais para que, no desejo por mudanças estéticas, a saúde dos olhos não seja negligenciada.
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