Procedimentos estéticos para alterar a tonalidade da íris envolvem riscos sérios e não são recomendados por sociedades médicas
O desejo por olhos mais claros ou por uma tonalidade diferente tem ganhado espaço, muitas vezes impulsionado pelas redes sociais. Mas, segundo o médico oftalmologista Roberto Pinto Coelho, especialista em córnea, catarata e cirurgia refrativa, a mudança na cor dos olhos não se trata apenas de estética e envolve sérios riscos à saúde ocular.
De acordo com o médico, a cor dos olhos é determinada pela quantidade e distribuição da melanina na íris. Quanto mais melanina, mais escuros os olhos; quanto menos, mais claros. Estruturas da íris e fatores genéticos, especialmente nos cromossomos 15 e 19, também influenciam na tonalidade.

É possível que a cor da íris mude ao longo da vida, mas geralmente isso ocorre nos primeiros anos, quando a produção de melanina ainda está se ajustando. Em adultos, alterações costumam estar ligadas a doenças ou traumas. “Mudanças súbitas na coloração dos olhos devem sempre ser investigadas”, alerta Dr. Roberto. “Condições como o glaucoma pigmentar, o melanoma de íris e o uso crônico de colírios com prostaglandinas são exemplos de causas médicas para essas alterações”.
A percepção de mudança também pode ocorrer com a dilatação da pupila em situações de pouca luz ou de estímulos emocionais, como estresse ou excitação. “Essa variação é apenas óptica, não estrutural”, esclarece o especialista.
O oftalmologista também afirma que mitos sobre a possibilidade de alterar a cor dos olhos com dietas, meditações ou colírios naturais são infundados, e que não existe comprovação científica de que métodos naturais sejam eficazes para isso.
Entre os procedimentos disponíveis para a mudança da cor dos olhos, o mais conhecido é a despigmentação da íris por laser. Há ainda o implante de íris artificial e a tatuagem da córnea. Todos eles, no entanto, trazem riscos significativos. “Essas técnicas podem causar inflamações, glaucoma, catarata precoce e até perda total da visão. Por isso, são contraindicadas pelas principais sociedades de oftalmologia no mundo, inclusive no Brasil”, enfatiza Dr. Roberto.
Embora a procura por esses procedimentos seja crescente, impulsionada principalmente por fatores estéticos, a aceitação entre os médicos é baixa. A tatuagem da córnea, por exemplo, só é indicada para olhos cegos, sem visão. “Quando realizada em olhos que enxergam, o procedimento é irreversível e pode dificultar diagnósticos e cirurgias futuras”, ressalta o médico.
Para quem deseja mudar temporariamente a cor dos olhos com segurança, a alternativa mais indicada ainda é o uso de lentes de contato coloridas, que proporcionam o efeito estético desejado sem comprometer a estrutura ocular.
Dr. Roberto reforça que, apesar dos avanços tecnológicos, toda intervenção nos olhos deve seguir critérios rígidos. “É fundamental avaliar riscos, benefícios e, acima de tudo, o respaldo científico antes de qualquer decisão”, conclui.
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