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Cobrança humanizada pode transformar conflitos em oportunidades de fidelização

Cobrança humanizada pode transformar conflitos em oportunidades de fidelização

Ópticas: transforme a inadimplência em fidelidade e lucro com gestão inteligente

Ações preventivas ajudam a reduzir a inadimplência, segundo especialistas

Em um mercado onde o crediário próprio ainda é utilizado, como é o caso das ópticas, a inadimplência é uma realidade que precisa ser enfrentada com inteligência, empatia e profissionalismo. A forma como esse desafio é gerido pode definir não apenas a saúde financeira do negócio, mas também a fidelização do cliente. E quando o assunto é cobrar sem perder o consumidor, os especialistas são unânimes em dizer que a chave está na abordagem humanizada e no respeito aos limites legais.

O consultor de Negócios do Sebrae, João Batista Pereira da Costa, destaca que o primeiro passo para uma recuperação de crédito eficaz é o tato. “O lojista precisa estar mais próximo desses clientes, buscar entender o motivo da pendência e fazer um contato sutil. Como por exemplo, informar que não foi registrado o pagamento, e que caso tenha sido feito, pedir desculpas. Essa aproximação é essencial”, explica.

Consultor de Negócios do Sebrae, João Batista Pereira da Costa

Segundo ele, a inadimplência só deve ser considerada de fato após 90 dias de atraso. Antes disso, é preciso abrir canais de comunicação, seja por telefone, WhatsApp, e-mail ou até carta, e convidar o cliente a conversar, sem pressões. “Quanto mais cedo for feita a abordagem, maiores as chances de negociar de forma amigável”, reforça João.

Mais do que reaver valores, o consultor defende transformar a cobrança em oportunidade. “O desconforto existe, mas é possível contorná-lo com propostas viáveis, como parcelamentos com juros razoáveis e uma postura sempre acolhedora.”

Do ponto de vista jurídico, as regras também são claras. O advogado José Roberto Ozório, alerta que a cobrança deve ser feita com ética, discrição e dentro dos limites da lei. “Evite expor ou envergonhar o cliente. O ideal é iniciar com um contato respeitoso e privado. Muitas vezes, o atraso decorre de um imprevisto.”

A cobrança extrajudicial, preferida por muitos lojistas, precisa seguir boas práticas como o envio de boletos atualizados, proposta de acordos vantajosos e registro das tentativas de contato para segurança jurídica. “Jamais exponha terceiros à situação, utilize linguagem ofensiva ou ameace. Essas condutas são ilegais e podem gerar processos por danos morais”, reforça o advogado.

Advogado, José Roberto Ozório

Além disso, caso a negativação do nome do cliente se torne necessária, ela só pode ocorrer após aviso formal e dentro de um prazo mínimo de 10 a 15 dias. “Negativar sem aviso é passível de ação judicial”, lembra José Roberto.

A empresária Débora Marcelino Ribeiro é proprietária das ópticas Débora Ribeiro e Visualisi, em Porto Alegre. Ela optou por não ter crediário em suas lojas reduzindo assim o risco de inadimplência. “Eu vendo com cartão de crédito, débito ou pix, dessa forma não tenho problema com atrasos e inadimplência”.

Débora Marcelino Ribeiro é proprietária das ópticas Débora Ribeiro e Visualisi

Prevenção: o melhor antídoto

Ambos os especialistas destacam a importância de ações preventivas para reduzir a inadimplência. Em ópticas, onde muitas vezes o próprio dono acumula funções, a organização é fundamental. Manter cadastros atualizados, consultar órgãos como SPC e Serasa, optar por pagamentos com cartão ou Pix, além de treinar equipes para lidar com situações de cobrança, são medidas que fazem diferença.

Para o advogado José Roberto, boas políticas internas e a clareza nas condições de pagamento são essenciais. “Automatizar lembretes e oferecer canais acessíveis de contato ajudam a prevenir atrasos e reduzem a tensão quando a cobrança for necessária.”

Em um cenário cada vez mais competitivo, manter uma relação saudável com o cliente inadimplente pode ser um diferencial estratégico. “Coloque-se no lugar do consumidor, escute com atenção e ofereça soluções reais. Ao final, agradeça a retomada da parceria. Isso fideliza e fortalece a reputação da ótica”, aconselha o advogado.

Já João Batista conclui com um lembrete importante. “O diferencial está na agilidade e na proximidade. Quanto mais cedo a abordagem e maior o preparo da equipe, maiores as chances de recuperar não apenas o crédito, mas o cliente.”

No fim das contas, cobrar é necessário, mas a forma como se cobra pode determinar se a venda perdida hoje será a recompra de amanhã. Para ópticas que querem crescer de forma sustentável é importante manter a firmeza na negociação, mas com gentileza no tratamento.


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Renata Barussi

Jornalista com mais de 30 anos de experiência como repórter, redatora para mídias digitais, sites e blogs, e assessora de comunicação e marketing digital. (MTB 24.504)

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