Andrea Monteiro, pioneira em RH para óptica, expõe os desafios e revela as oportunidades de aplicar estratégias de gestão de pessoas em um mercado ainda pouco explorado por práticas de recursos humanos
Com mais de duas décadas de atuação no segmento óptico, Andrea Monteiro transformou sua paixão por desenvolver pessoas em missão profissional. Fundadora da RHÓptico Consultoria, primeira consultoria especializada em recursos humanos voltada exclusivamente para o setor óptico, ela aposta em uma abordagem estratégica e personalizada para solucionar os gargalos que, segundo ela, ainda são tratados com pouca atenção pelas empresas da área.
“Trabalho no ramo óptico há 21 anos, e sempre achei fantástico ensinar e desenvolver pessoas”, conta Andrea. A formação em marketing, técnica em óptica e a especialização em desenvolvimento humano e RH estratégico contribuíram para que ela percebesse uma lacuna no setor, a ausência de profissionais dedicados à gestão de pessoas com conhecimento específico da área.
Essa percepção foi o ponto de partida para a criação da consultoria. “Sou pioneira em RH específico para o nosso setor. Não existia alguém dedicado a olhar para os profissionais óticos com o entendimento de quem já está inserido no ramo, que conhece suas dificuldades e as qualificações necessárias”, destaca.
Um dos principais desafios enfrentados por Andrea está no comportamento cultural do setor óptico. Segundo ela, a movimentação dos profissionais é intensa e o comprometimento dos colaboradores com as empresas, por vezes, é baixo, mesmo após processos seletivos criteriosos. “Esse comportamento cultural, ao mesmo tempo que mostra ambição, gera dificuldades nas recolocações. Há uma busca constante por ascensão, e nem sempre há fidelização após a contratação”, afirma.
Andrea também observa que muitas empresas têm receio de adotar práticas estratégicas de RH por acreditarem que elas se aplicam apenas a grandes corporações. “Não é sobre salário ou benefícios. É sobre como você cuida da chegada e da trajetória do colaborador. Isso fideliza”, ressalta.
A especialista defende que implementar uma estrutura estratégica de gestão de pessoas não precisa ser caro, e pode começar com algo simples, a criação de um organograma. “Você desenha quais são as vagas ideais para preencher sua empresa e depois vê onde aquele profissional se encaixa. Isso evita frustrações de ambos os lados.”
Ela também chama a atenção para a importância de habilidades específicas na hora da contratação, especialmente quando se trata de vendedores, função essencial nas ópticas. “O profissional precisa ter empatia, escuta ativa e domínio técnico. Vender óculos é uma consultoria, exige uma anamnese do cliente”, explica.
Outro ponto-chave defendido por Andrea é o acolhimento do novo colaborador. “Abrir as portas da empresa é como receber alguém em casa. A integração precisa contar a história da empresa, mostrar seus produtos, metas e o papel do novo integrante. Isso aumenta o comprometimento e evita expectativas erradas.”
Ela alerta que, no setor óptico, esse momento ainda é negligenciado. “Muitas vezes o colaborador é contratado e já está no balcão no mesmo dia, sem nem saber qual é o perfil do cliente. Isso compromete resultados e engajamento.”
Segundo Andrea, investir em gestão de pessoas traz retorno direto para as lojas. “Apresentar a empresa já revela sua cultura e forma de trabalho. É ali que começa a conexão com o colaborador. Uma contratação estratégica e um bom acolhimento impactam diretamente no desempenho e nos resultados,” finaliza.
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