Tons naturais e sofisticação estão entre as propostas
No mundo da moda e do design de óculos, as cores desempenham um papel importante na definição do estilo e da personalidade de quem os usa.
Para Alê Wallau, esteta óptico e consultor de imagem e estilo para óculos, 2025 ainda traz ecos das tendências de 2024, com cores puxadas para o âmbar e tons translúcidos que evocam a natureza, como o verde suave. “Hoje as pessoas estão usando mais linho e roupas de materiais naturais, e acredito que isso possa influenciar”, comenta destacando que essas cores menos intensas e com menor contraste, tendem a se conectar bem com looks mais leves, especialmente no verão.

Alê normalmente tenta fazer uma composição de acordo como a pessoa se veste. Ele cita que cores mais marcantes, como o preto fosco e o tartaruga, continuam em alta. “Sofisticação sempre virá bem com tons mais escuros, preto, preto brilho, se for uma armação mais bold um peso visual maior”.
A escolha da cor de uma armação não é apenas uma questão de moda, mas também de personalidade e estilo de vida, e o consultor acredita que além das tendências, é preciso entender a individualidade de cada pessoa.
Ele também destaca a necessidade de considerar o contraste pessoal, incluindo tons de pele e cabelo, ao orientar seus clientes na escolha das cores. “Se eu for atender um profissional da área jurídica, que trabalha com questões empresariais, vou sugerir cores mais sóbrias, puxadas para um tom de preto, azul-escuro, que estão ligadas à sobriedade”, explica.
A preferência por cores pode variar significativamente entre regiões de clima tropical e frio. O consultor observa que em regiões mais tropicais, como o Brasil, as pessoas tendem a usar óculos mais coloridos e leves, enquanto em climas frios, há uma inclinação para minimalismo e sobriedade. “Falam que as pessoas ficam mais elegantes no frio, elas tendem a usar óculos que vão levar a essa sobriedade, um tartaruga mais fechado, puxado para o marrom e menos puxado para o caramelo, por exemplo. Se vai usar preto, um dourado, essas cores puxam mais pela sobriedade e na minha opinião têm tudo a ver com o humor”, comenta Alê.
A cor da armação influencia diretamente como uma pessoa é percebida no mundo. Pessoas criativas, por exemplo, podem optar por formatos e cores mais ousados, enquanto profissionais em áreas mais tradicionais preferem cores menos intensas. “Se é uma pessoa com personalidade forte, tem uma presença importante nos ambientes que frequenta, vai tentar trazer intensidade nos tons e nas cores que escolher”, acrescenta Alê.
As tendências de 2025 não são apenas uma questão de cores, mas também de inovação no design. Alê destaca duas vertentes principais, as armações translúcidas com cor âmbar, verde e lilás, e a incorporação de tecnologia no design dos óculos. “Hoje a gente tem até óculos desenvolvidos por inteligência artificial, óculos impressos em impressora 3D”, aponta.
Para atrair consumidores atentos à moda, os fabricantes devem estar sintonizados com as tendências de lifestyle e conforto. Alê sugere que o design dos óculos deve refletir a leveza e a anatomia adequada ao uso diário. Além disso, o visual merchandising das lojas deve utilizar as cores de forma estratégica para chamar a atenção sem ofuscar o protagonismo dos óculos. “As cores sempre vão ser utilizadas como ferramentas de chamar a atenção, mas o tom, o saber utilizar faz toda diferença”, conclui.
O lunetier Ricardo Lorente, arquiteto e designer de óculos, ressalta que a cada ano, as marcas lançam novas cores, no entanto, ainda não percebeu uma mudança dominante ou uma aposta unânime no mercado. “Algumas grifes escolhem tons cítricos, outras mantêm o clássico tartarugado, enquanto algumas seguem com cores únicas. Não vejo uma única direção que esteja sendo seguida por todas as marcas”, diz.

Ricardo também comenta que no ano passado, por exemplo, as lentes amarelas e azuis ganharam espaço, mas essa preferência já parece estar em declínio. “Acompanhando eventos como o MIDO, percebo um cenário bastante diversificado, sem uma tendência cromática predominante”.
O lunetier explica que seu processo criativo é mais focado no design dos modelos, e a escolha da cor pode ser ajustada a partir de uma base bem estruturada. “Reconheço que a definição de uma tendência é fundamental para a cadeia produtiva, pois impacta diretamente a oferta de matérias-primas, corantes, plásticos e tecidos, tornando o mercado mais alinhado”.
Segundo Ricardo, atualmente, há uma maior ousadia na escolha das cores. “Antes, o tartarugado clássico era predominante, mas agora há um público disposto a experimentar tons mais vibrantes e diferentes. Essa atitude, porém, está diretamente ligada ao perfil do consumidor. Quem investe em um único par de óculos para durar anos tende a optar por modelos mais tradicionais, já aqueles que adquirem dois ou mais óculos por ano se sentem mais à vontade para ousar, por terem maior poder aquisitivo para renovar seu estilo com frequência”.
Ricardo finaliza dizendo que o mercado de óculos personalizados sempre teve sua demanda, mas não é um segmento expressivo em volume. O grande público, especialmente das classes média e baixa, prioriza o preço na hora da compra. “O nicho da personalização é voltado para consumidores com maior poder aquisitivo e um nível de conhecimento ou cultura que os fazem compreender o valor agregado de um produto exclusivo, em contraste com um item industrializado”, finaliza.
Já o Lunetier Diego Conchon vê a moda e a natureza cada vez mais alinhadas e considera que os tons naturais são a grande referência para 2025. “Nada mais natural que madeira pura, sem tinta, por isso óculos feitos com Imbuia, Jacarandá, Maple, Guajuvira são excelentes exemplos de tons terrosos e pastéis, que vejo ser o ponto de atenção do ano”, explica.
Diego afirma que armações em madeira e acetato são muito parecidas quando se fala em cores. O Bold permanece em alta e é isso que ele gosta de mostrar em suas armações, volume e impacto. “Veremos muitos tons leves, mas vejo o segmento aceitando bem as variações, como metais coloridos”, diz, salientando que gosta de criar peças com mais de uma espécie de madeira. “Me chama a atenção o equilíbrio da cor predominante, fazendo assim, o diferencial são os detalhes”.

Os óculos vêm ganhando espaço como tradutor de personalidade, o que significa menos do mesmo, mas o Lunetier faz um alerta. “É importante pensar que somos ousados e clássicos dependendo do momento, então vale dizer, tenha um par de óculos para cada eu”.
📱 Clique aqui para seguir o canal do Fique de Olho no WhatsApp
COMPARTILHAR: