Resumo da matéria:
➡️ Com 15 anos de experiência no setor óptico, a consultora e professora Jéssica Valentim explora como a digitalização e a evolução tecnológica estão transformando o mercado. Diante de consumidores cada vez mais informados e exigentes, ela destaca a capacitação técnica e a profissionalização como fundamentos indispensáveis para atender às novas demandas.
➡️ Entre os desafios do setor, Jéssica ressalta a importância de valorizar o trabalho do técnico óptico e combater problemas como a falta de regulamentação e a proliferação de produtos falsificados. Já de olho no futuro, ela aponta tendências como o visagismo e a inteligência artificial, tecnologias que prometem moldar o segmento nos próximos anos.
➡️ Dedicada à qualificação profissional, Jéssica compartilha seu conhecimento por meio de cursos e projetos como o inovador “Curiosidades Ópticas”. Quer saber como essas transformações podem afetar você? Descubra mais na matéria completa!
Jéssica Valentim, consultora e professora óptica, transmite sua experiência de 15 anos no segmento em sua página nas redes sociais e com cursos direcionados para o desenvolvimento profissional de consultores ópticos. Formada em licenciatura em ciências biológicas e técnica óptica, com especialização em lentes freeform, ela acumula passagens como professora em instituições de ensino técnico, instrutora de treinamentos para consultores ópticos e atua na equipe de consultores de vendas do App B-15 Optidados, explorando diversas facetas do setor que a cativa.
Ao longo de sua década e meia de atuação, a profissional destaca duas grandes transformações que impactaram diretamente o varejo óptico brasileiro. A primeira e mais significativa é a revolução digital. A internet empoderou o consumidor, que hoje chega às ópticas com um volume muito maior de informações sobre lentes, marcas e preços, exigindo um atendimento mais qualificado. “A presença online das ópticas, através de redes sociais e ferramentas como o Google Meu Negócio, tornou-se imperativa, e quem não está presente no ambiente digital corre o risco de ficar para trás”, relata.
A segunda transformação está ligada diretamente à evolução tecnológica dos produtos. Lentes digitais, freeform e individualizadas, que eram apenas lançamentos ou sequer existiam quando a consultora iniciou sua carreira, hoje são realidade e demandam um conhecimento técnico aprofundado dos profissionais. “Essa combinação de clientes mais informados e produtos mais complexos exige que as lojas e seus consultores estejam cada vez mais capacitados”, finaliza.
A evolução do mercado exige uma nova postura do consultor óptico. Jéssica enfatiza que o profissional deixou de ser um simples “atendente que anota pedidos” para se tornar um verdadeiro consultor, responsável por oferecer orientações técnicas, lidar com vendas, moda e saúde visual. “O principal desafio para os novos profissionais, e para o setor como um todo, é a falta de profissionalização e treinamento das equipes”, relata Jéssica. Muitos ainda encaram a venda de óculos apenas como um acessório, negligenciando a qualidade de vida e saúde visual do cliente. A capacitação é indispensável para evitar medidas incorretas que podem prejudicar o usuário, resultando em problemas como dores de cabeça persistentes, muitas vezes sem que o cliente associe ao seu novo óculos.
Apesar da carência de mão de obra especializada no setor, a consultora observa que ainda existe uma mentalidade por parte de muitos empresários que resiste em investir na formação de seus vendedores, temendo que o profissional capacitado migre para a concorrência. Essa visão, segundo ela, é um equívoco, pois o segmento óptico lida diretamente com saúde e exige um alto nível de especialização para atender a um público cada vez mais exigente e informado.
Na visão da consultora, a principal lacuna nas ópticas é justamente a subestimação da importância da capacitação e da profissionalização técnica. A facilidade de abrir uma óptica em muitas localidades, sem a devida fiscalização sobre a presença de um técnico óptico atuante, leva a um cenário onde “qualquer um pode vender óculos”. Isso gera uma desconexão com a parte mais importante do negócio: a saúde visual. “O técnico óptico, que deveria ser uma figura central para conferir a precisão das prescrições e medidas, muitas vezes está presente apenas para cumprir exigências burocráticas, e não para atuar de fato no dia a dia da loja. A ausência de fiscalização efetiva contribui para que essa lacuna persista”, finaliza.
Embora não tenha detalhado tecnologias específicas além das lentes digitais e individualizadas já mencionadas, Jéssica reforça que a tecnologia atrelada à precisão das medidas tem sido fundamental para o atendimento. Clientes buscam ópticas que ofereçam segurança e equipamentos avançados, pois percebem que isso se traduz em um produto mais adequado às suas necessidades, “é a tal da experiência do usuário que tanto se fala atualmente”. A percepção do consumidor sobre a qualidade da medição e do produto final está diretamente ligada à tecnologia empregada pela óptica.
Nos últimos cinco anos, o comportamento do consumidor de produtos ópticos passou por uma transformação notável. Impulsionados pela maior presença online e acesso à informação, os clientes estão muito mais exigentes. Eles pesquisam, vêm preparados com termos técnicos, questionam sobre equipamentos específicos e buscam uma experiência de compra diferenciada, que vai além do preço. Fatores como um atendimento atencioso, o conforto do ambiente e até um cafezinho podem fazer a diferença. O foco mudou para a qualidade da experiência e a segurança que a óptica transmite, tornando a escuta ativa e a atenção ao cliente essenciais para fidelização e indicação.

Os maiores desafios regulatórios e de mercado no segmento óptico, na percepção de Jéssica, são a deficiência na fiscalização da atuação do técnico óptico nas lojas e o combate à falsificação de produtos. Muitas ópticas operam sem um profissional técnico devidamente atuante, comprometendo a saúde visual dos consumidores. Além disso, a proliferação de óculos falsificados no mercado, sem a devida regulamentação e fiscalização, é um problema grave. Produtos que não atendem às normas de segurança, como as relacionadas à proteção UV em óculos solares, colocam a saúde ocular em risco, e a falta de controle sobre essa prática é uma grande preocupação para o setor.
Para o sucesso de uma óptica, Jéssica aponta métricas de desempenho que são frequentemente subestimadas. A análise de dados através de um bom sistema é fundamental. O ticket médio (média do valor das vendas pela quantidade de clientes que efetivaram a compra) e o PA (peças por atendimento/venda) são indicadores essenciais que permitem avaliar o desempenho de cada vendedor, identificar necessidades de treinamento e entender o que está funcionando ou precisa de ajuste. Além disso, a taxa de conversão (quantidade de clientes que entram versus a quantidade de vendas efetivadas) é vital. Essas métricas, quando bem monitoradas e interpretadas, fornecem informações valiosas que impactam diretamente o resultado financeiro mensal da óptica.
Olhando para os próximos 5 a 10 anos, Jéssica prevê que o visagismo que já está muito presente no dia a dia das ópticas de sucesso, terá um impacto crescente no setor óptico. O uso de óculos como acessório de moda, alinhado com o corte de cabelo, formato do rosto e estilo pessoal, é uma tendência forte que já se observa nas grandes cidades e deve se consolidar em todo o Brasil. As ópticas precisarão oferecer uma consultoria de imagem mais aprofundada. Além disso, a inteligência artificial (IA) é vista como uma tecnologia com enorme potencial de impacto, com a possibilidade de provadores virtuais e outras inovações que otimizarão a experiência do cliente. O mercado óptico está em constante crescimento, com um grande número de ópticas e vagas em aberto, o que reforça a necessidade de profissionais bem preparados.
Jéssica conclui a entrevista anunciando seu retorno ao projeto “Curiosidades Ópticas“, com o objetivo de compartilhar conhecimento técnico de forma clara e acessível, além de um novo lançamento de curso. Sua paixão pelo segmento óptico e o desejo de capacitar profissionais demonstram seu compromisso contínuo com o desenvolvimento do setor.
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