São 128 anos de existência ao longo dos quais foi sendo construída uma história de sucesso e gestão familiar competente. A Óptica Foergnes, uma das empresas mais antigas do Brasil no segmento óptico, tem na sua longevidade um dos motivos de orgulho. Sob a gestão da quarta geração de descendentes alemães, a empresa passou por duas guerras mundiais, duas ditaduras, diversos planos econômicos e uma pandemia, buscando sempre se adaptar a cada um destes momentos sem comprometer a qualidade do serviço e atendimento prestados. Essa história de sucesso é contada no livro Um Olhar Sobre a História da Óptica Foergnes, lançado por ocasião dos 120 anos da empresa.
“Temos muito orgulho de ser uma das poucas empresas do Brasil que está vivenciando o terceiro século na ativa. Começamos no século XIX, passamos pelo XX e estamos em pleno funcionamento no século XXI já adaptados às tecnologias e inovações”, conta o diretor Guilherme Foergnes, que está à frente da empresa junto com seu pai, Bruno Foergnes, neto do fundador. “Ao longo deste tempo passamos por inúmeras dificuldades com trocas de governos, crise econômica, mudança de moeda, pandemia e enchentes no Rio Grande do Sul, mas nunca desistimos dos nossos objetivos e não deixamos de honrar com nossas responsabilidades”, afirma.
Ele conta que, durante a pandemia de Covid-19, não houve a demissão de um colaborador sequer. “Mantivemos uma unidade aberta ao público por nos enquadrarmos nas empresas de prestação de serviços essenciais à população. Havia, inclusive, um plantão de atendimento para quem realmente precisava de óculos ou algum conserto. Nossa preocupação sempre foi o atendimento, pois sabemos que este item é, muitas vezes, essencial para a qualidade de vida, especialmente de crianças e idosos”, acrescenta.
Gerida de modo familiar, a Óptica Foergnes foi uma das primeiras a produzir lentes com receita no Brasil. Tudo começou com a chegada da família Foergnes ao país em 1824, ano da imigração oficial alemã no Rio Grande do Sul. A óptica começou a ser desenhada com Carlos Foergnes que, em 1883, iniciou o comércio de ourivesaria, prataria e joalheria em São João do Montenegro. Em 1893, Carlos e a esposa Guilhermina se estabeleceram em Porto Alegre, onde fundaram uma loja de joias, relógios e óculos. O estabelecimento foi inaugurado em 1º de abril de 1895 e seria a primeira loja da Óptica Foergnes.
Em 1905 Carlos enviou o filho mais velho, João Fellipe, com 20 anos, para fazer o curso de óptico na Alemanha. Quatro anos depois o jovem retornou com conhecimento e equipamentos necessários para montar o primeiro laboratório óptico do sul do país. Em pouco tempo a seção de óptica da Casa Foernges conquistou a confiança, não só do corpo médico, mas também da população porto-alegrense e gaúcha pelo critério e cuidado dispensados na execução das receitas médicas.
Frente à necessidade de formar profissionais de excelência e ampliar os negócios, em 1922 foi a vez do filho mais novo, Bruno, seguir para a Europa em busca de novos conhecimentos no ramo da óptica. Em Berlim e Rathenow, berço da óptica alemã, ele se especializou na fabricação de lentes para óculos, especialmente as bifocais, aprimorou seus conhecimentos na surfaçagem de lentes e montagem de óculos de acordo com as técnicas mais avançadas da época. Na Europa e nos Estados Unidos, adquiriu máquinas mais modernas para o trabalho em cristais, as primeiras instaladas no Rio Grande do Sul.
O patriarca Carlos Foernges faleceu em 4 de julho de 1929 e o estabelecimento passou à direção dos filhos João, Theobaldo e Bruno. Seguindo a tradição familiar, em 1937 foi a vez de Carlos Theodoro Foergnes, filho de João Foergnes, buscar conhecimento e formação no exterior, tendo se diplomado na Escola de Optica e Thecnica Photographica, na Alemanha.
Ao retornar, Carlos Theodoro trouxe consigo máquinas e aparelhos modernos que possibilitavam maior controle na confecção das lentes. Ao final da década de 1930, a empresa havia registrado em seus livros mais de 58 mil receitas aviadas.
O material empregado para a confecção dos óculos era originário das mais famosas fábricas do mundo como Carl Zeiss, Nitsche & Gunther e Emil Busch, da Alemanha, e ainda, Bausch & Lomb, Optical Cia, American Optical Cia e Standard Optical Cia, dos Estados Unidos.
Nas décadas de 1940 a 1960 a Óptica Foergnes se firmou como um dos principais estabelecimentos comerciais da região sul do país, recebendo nomes como Ieda Maria Vargas, Miss Universo em 1963, o jogador Everaldo Marques Silva, primeiro atleta atuando por um clube gaúcho a ganhar uma Copa do Mundo e o presidente Getúlio Vargas.
Em abril de 1975, quando a empresa completou 80 anos de existência, 70% do seu faturamento era produto da venda de óculos, vindo o restante do comércio de relógios e artigos para presentes como porcelanas e pratarias. No ramo de óculos, metade das armações vendidas era importada da França, Alemanha, Itália e Áustria. A outra metade era da indústria nacional. Os blocos de cristal, dos quais eram extraídas as lentes, eram em grande parte também importados. A importação das armações e dos blocos de cristal era feita por empresas especializadas.
Em 1975 havia fábricas nacionais produzindo lentes em série, mas grande parte das lentes comercializadas pela Óptica Foernges era feita pelo laboratório da empresa. Além das lentes de cristal comercializadas, as lentes orgânicas também começavam a ganhar espaço.
Em 1995 a Óptica Foernges celebrou seu centenário estabelecida no mesmo endereço, no centro de Porto Alegre, onde surgiu, em 1895 em uma casa comercial inaugurada por Carlos Foergnes, cuja alma empreendedora e o talento no segmento óptico foram herdados pelos familiares que, ainda hoje, seguem à frente de uma das empresas mais longevas do país.
“Os obstáculos que surgiram nos proporcionaram as melhores oportunidades para nosso crescimento. Descobrimos como trabalhar forte com e-commerce, atendimento em domicílio e empresarial, buscamos novos caminhos. Estamos preparados para mais desafios e, em 2025, completaremos 130 anos, sempre com a parceria dos nossos clientes, fornecedores e colaboradores”, finaliza o diretor Guilherme Foergnes.
Por Angélica Moraes
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