O Portal Fique de Olho entrevistou o empresário e consultor do setor óptico de Ribeirão Preto, interior de São Paulo, Renato Rangel, que cresceu em uma família de ópticos e coleciona algumas relíquias com mais de 100 anos de fabricação. Acompanhe o bate-papo.
Renato Rangel, Empresário e consultor do setor óptico de Ribeirão Preto
Fique de Olho:
Conte um pouco da sua história e do início da sua trajetória no mundo óptico.
Renato Rangel:
Sou de uma família de ópticos. Meu tio e meu pai trabalharam no ramo e eu segui os passos deles. Depois de trabalhar em ópticas em Santos, Rio de Janeiro e Campinas, em 1970 meu pai montou sua própria loja em Ribeirão Preto/SP. A partir dos meus 15 anos, comecei a trabalhar com meu pai, nas férias escolares, e a aprender um ofício, como ele dizia. Gostei do que aprendi, me formei técnico óptico e em contatologia, e estou no ramo até hoje prestando consultoria.
Fique de Olho:
Hoje você está com 64 anos e como começou a trabalhar com seu pai ainda na adolescência, foi possível acompanhar a evolução dos óculos por algumas décadas. Muitas mudanças ocorreram nesse período?
Renato Rangel:
A história dos óculos é muito antiga. Os primeiros óculos eram, bem dizer, feitos a mão com vidro polido. Foram evoluindo e depois vieram as lentes de acrílico, as multifocais, e por aí vai. A evolução foi gradativa e hoje as lentes são digitais.
A moda óptica sempre volta e alguns estilos permanecem até hoje. Os modelos se repetem. Tenho percebido que ano a ano, lançam uma moda que dura por um tempo, e depois de uns 5 ou 7 anos ela volta.
Eu acompanhei um pouco dessa evolução, com alguns ícones, lançados em novelas, por exemplo. O que aparecia na televisão era moda e as pessoas queriam os óculos usados pelos artistas.
Fique de Olho:
Há diferença entre Brasil e Europa no consumo de óculos?
Renato Rangel:
Sim. No Brasil ainda há muita restrição com óculos coloridos. Na Europa não, eles são muito usados.
Os europeus têm de cinco a seis pares de óculos e dependendo da ocasião, ou do momento, usam os óculos mais adequados. Já aqui, o brasileiro tem no máximo dois pares de óculos.
Fique de Olho:
Na sua opinião hoje em dia os óculos têm status de acessórios?
Renato Rangel:
Sim, os óculos hoje viraram acessórios e eu sempre oriento as pessoas a passarem por uma consultoria de visagismo antes de adquirirem um novo modelo. Os óculos não são mais apenas dispositivos que ajudam a enxergar, são um complemento de moda.
As pessoas relatam que na infância usavam óculos e sofriam bullying. Eram chamadas de quatro olhos, pois os óculos eram feios e grossos. Hoje tem gente que fica até melhor com os óculos. Vejo pessoas que nem precisam de lentes de grau, mas usam os óculos para compor um estilo, com filtro antirreflexo ou proteção contra luz azul, por exemplo.
Fique de Olho:
O que levou você a ser um colecionador de óculos antigos?
Renato Rangel:
Com o tempo passei a amar a profissão e decidi montar um pequeno museu dos óculos. Já tinha alguns que eram deixados na loja pelas pessoas que não iam buscar após o conserto, e muitos outros que importei. Buscava óculos nos Estados Unidos, na Itália e montei uma coleção bem legal de óculos antigos.
Fique de Olho:
Quais os modelos mais curiosos ou antigos da sua coleção?
Renato Rangel:
Tenho vários. Antigamente os óculos eram bem pequenos, só para tapar os olhos. Alguns tinham uma tecnologia muito fina, como se fosse uma linha de tecido, tudo feito manualmente.
Curiosidades de parte da coleção:
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