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Tirar os óculos: entenda por que você pode se sentir “cego” ou “surdo”

Tirar os óculos: entenda por que você pode se sentir “cego” ou “surdo”

Entenda como a retirada dos óculos afeta sua percepção sensorial

Você já experimentou um breve efeito de “cegueira” ou “surdez” ao tirar seus óculos? Muitas pessoas descrevem que essa sensação vai além do simples desconforto, o que levanta dúvidas sobre as complexas interações entre nosso cérebro e nossos olhos.

Alguns ficam desorientados, incapazes de ver claramente e até com a audição prejudicada após a retirada das lentes. No entanto, o que realmente acontece? Essa situação poder estar relacionada às percepções que podem estar ligadas à maneira como nosso cérebro processa a audição e a visão de forma interdependente.

A prescrição correta ou incorreta e a qualidade das lentes também são importantes nesse processo. Compreender essas dinâmicas melhora a qualidade de vida dos usuários de óculos e fornece informações importantes sobre a neurociência também em oftalmologia.

A Dra. Tassiana Lago, é médica otorrinolaringologista, e diz que os desafios que alguns indivíduos enfrentam ao retirar os óculos, frequentemente são descritos como uma sensação de “surdez”. Ela esclareceu que não se trata literalmente de perda auditiva, mas sim de uma dificuldade em compreender, semelhante à dificuldade ao falar ao telefone ou resolver certas questões pessoalmente. “Essa dificuldade ocorre porque a comunicação humana não depende apenas das palavras faladas, mas também das expressões faciais, gestos e linguagem corporal, os quais são comprometidos sem os óculos”, afirma ela.

Dra. Tassiana Lago, Médica Otorrinolaringologista – CRM 126389 rqe 36194

A Dra. Lago também destacou como indivíduos com perda auditiva podem compensar intuitivamente usando a leitura labial para complementar sua audição.  “O cérebro adapta-se aumentando o uso das áreas visuais para compensar dificuldades auditivas, apoiando assim pacientes com perda auditiva”.

Além disso, a Dra. Lago identificou condições como alterações no processamento auditivo central, déficit de atenção e distúrbios de memória como fatores que podem intensificar essa sensação de dificuldade ao retirar os óculos. “ É recomendado que pacientes com perda auditiva procurem reabilitação auditiva com o uso de aparelhos auditivos, enquanto aqueles com alterações de memória devem buscar avaliação médica para melhorar tanto a audição quanto a memória”.

Terapias especializadas, como a fonoaudiologia para o processamento auditivo central e tratamentos adequados para TDAH, podem oferecer alívio significativo. “Reconhecer a complexidade da comunicação humana é fundamental para proporcionar suporte adequado às necessidades individuais, garantindo uma melhor qualidade de vida e interação social”, enfatiza Dra. Tassiana Lago.

Na prática da optometria comportamental a visão vai muito além da simples correção visual. É um sistema complexo que interage diretamente com outros sistemas sensoriais e motores do corpo humano.

Para entender melhor essa conexão, a optometrista comportamental Juliane Franceschini, cuja abordagem inovadora lança luz sobre o impacto profundo das lentes de óculos na vida e no comportamento dos pacientes, explica que ao fornecer correção visual através de óculos, os optometristas estão essencialmente fornecendo informação sensorial ao cérebro. Esta informação não apenas melhora a acuidade visual, mas também influencia outros sistemas sensoriais e motores. “É como se estivéssemos ajustando a janela através da qual o mundo é percebido”.

Juliane Franceschini, Optometrista Comportamental e terapeuta visual

Segundo ela, a remoção repentina dessa informação visual pode desencadear sensações curiosas em alguns pacientes, como a sensação de ouvir menos ou até mesmo dificuldades de equilíbrio. Juliane explica que isso ocorre devido à desorganização sensorial provocada pela falta do input visual, ou seja, dados que são percebidos através do sentido da visão. que constitui aproximadamente 80% das informações que o cérebro recebe do ambiente externo.

A abordagem de Juliane é fortemente influenciada pelos ensinamentos do renomado optometrista comportamental Dr. A.M. Skeffington. Em seu livro “Os olhos são a janela para o mundo”, ela discute como o sistema visual interage de maneira intrinsecamente com outros sistemas do organismo. Skeffington propôs uma abordagem dividida em quatro aspectos interligados:

  1. Antigravidade: ajuda na orientação espacial desde os estágios iniciais de desenvolvimento, contribuindo para a percepção de forma, profundidade e espaço.
  2. Centralização: envolve o processo de localização de objetos através de movimentos oculares, permitindo foco tanto no campo visual central quanto periférico.
  3. Identificação: capacidade de identificar objetos através do sistema acomodativo do cristalino, garantindo a clareza e precisão das imagens percebidas.
  4. Linguagem e audição: permitem descrever e entender visualmente o mundo ao nosso redor, facilitando a formação e expressão de conceitos.

Para Juliane, é fundamental que as avaliações visuais considerem não apenas a acuidade visual, mas também essas habilidades visuais fundamentais. “A visão não é apenas ver, é compreender”, enfatiza ela. Uma avaliação completa, segundo sua abordagem, leva em conta como a informação visual é processada e transmitida ao cérebro através das vias neurais, impactando diretamente o comportamento e a qualidade de vida do paciente.

Por fim, Juliane destaca a importância crucial de uma adaptação adequada das lentes e a escolha correta das armações. Isso não apenas melhora a visão, mas também otimiza a interação do sistema visual com os demais sistemas do corpo, promovendo uma melhor qualidade de vida para seus pacientes.

Com uma visão tão abrangente e integradora, Juliane Franceschini continua a expandir os horizontes da optometria comportamental, demonstrando como a visão vai além da simples percepção, influenciando profundamente nossa experiência e interação com o mundo que nos cerca.

Muitas pessoas que usam óculos de grau experimentam problemas, como a impressão de cegueira ou surdez momentânea, ao retirá-los. Embora pouco discutido, esse fenômeno afeta a qualidade de vida e a rotina diária de muitas pessoas que usam óculos.

A empresária, Luiza Bertoli diz que retirar os óculos causa uma breve cegueira, principalmente quando está fazendo coisas que exigem visão clara. “Quando tiro os óculos, parece que meu grau aumenta ainda mais”. Ela admite que se tornou extremamente dependente dos óculos para realizar suas atividades diárias e notou que essa dependência aumenta quando acorda, tornando ainda mais difícil começar a manhã.

Luiza Bertoli, Empresária

A administradora de empresas Nathaly Pilan Caram fala sobre uma experiência semelhante, mas com a audição. “Quando tiro os óculos, fico surda, o som parece distorcido devido à minha miopia e a comunicação fica mais complicada”. Ela relata que essa sensação de desconforto aumenta quando está em movimento, como ao dirigir.

Nathaly Pilan Caram, Administradora de empresas

A empresária Fabiana Gonzalez Gonzalez também diz que retirar os óculos, necessários para leitura, causa surdez. “Quando alguém fala comigo e estou sem os óculos, me sinto surda porque não consigo fazer a leitura dos lábios”. Ela observa que, ao retirar os óculos, seus olhos ficam embaçados por um curto período de tempo antes de voltarem à normalidade. Embora  nunca tenha consultado um médico sobre essas sensações, ela acredita que são naturais e que se adaptou a elas. Fabiana diz que ao final do dia sofre de dores de cabeça por não usar os óculos corretamente, o que a deixa carrancuda e com linhas de expressão acentuadas.

Fabiana Gonzalez Gonzalez, Empresária

Gonzalez também diz que, embora atualmente use apenas um par de óculos, as sensações podem variar dependendo do tipo e da qualidade das lentes. Como ela usa óculos principalmente para leitura, essas sensações não afetam muito suas atividades diárias. A empresária acredita que os óculos oferecem conforto visual e que sua prescrição atual é adequada.

Embora muitos aceitem essas sensações como parte da rotina, é sempre recomendável consultar um oftalmologista para garantir que os óculos estejam ajustados corretamente e para explorar possíveis soluções para minimizar o desconforto.


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Sandra Fonseca

Jornalista com MBA em Marketing Estratégico, publicitária e especialista em Lançamento de Infoproduto, atua há 24 anos na área de comunicação. (MTB 28.336)

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