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Novo colírio promete inovação no tratamento da presbiopia, mas especialistas apontam limitações

Novo colírio promete inovação no tratamento da presbiopia, mas especialistas apontam limitações

Colírio VIZZ oferece visão de perto temporária e amplia liberdade dos pacientes, mas uso exige cautela médica

Aprovado nos Estados Unidos o novo colírio VIZZ é um medicamento que tem chamado a atenção de pacientes e profissionais de saúde pela tecnologia que promete melhorar temporariamente a visão de perto, oferecendo uma solução prática para situações específicas do dia a dia. Apesar dos avanços, médicos alertam para o uso cauteloso e para as restrições da nova opção terapêutica.

Como o colírio funciona?

A médica oftalmologista especializada em glaucoma e plástica ocular, Dra. Carolina Faro Batistella (CRM 123198, RQE 33521), explicou o mecanismo do VIZZ, que utiliza o princípio ativo aceclidina. Segundo ela, o colírio proporciona o chamado efeito pinhole, que funciona como a abertura de uma lente de câmera. “A miose atua diminuindo o diâmetro da pupila, o que aumenta a profundidade do foco. É como reduzir uma abertura de câmera, resultando em mais nitidez. Esse medicamento age diretamente no esfíncter da pupila e é menos invasivo que a pilocarpina, já utilizada no mercado, porque causa menos efeitos colaterais”, esclareceu a médica.

Dra, Carolina Faro Batistella I CRM 123198 I RQE 33521

O colírio, aprovado pelo FDA nos Estados Unidos, oferece um efeito rápido que dura até 10 horas, sendo indicado para momentos pontuais em que o usuário deseja maior praticidade. “Ele proporciona mais liberdade para quem quer ficar sem os óculos para perto momentaneamente, mas não substitui outros tratamentos ou óculos. É uma alternativa prática, por exemplo, para reuniões ou viagens curtas”, afirmou a Dra. Carolina.

No entanto, ela alerta que o VIZZ não deve ser utilizado indiscriminadamente. O colírio não é recomendado para pessoas com doenças como uveíte ou problemas de retina, já que essas condições podem aumentar o risco de complicações. Além disso, há o impacto em situações de baixa luminosidade. “Um ponto importante é que o colírio pode comprometer a visão em ambientes com pouca luz, como à noite, porque a pupila permanece contraída, dificultando a captação de luz. O uso deve sempre ser feito sob orientação médica”, reforçou.

Benefícios práticos e cuidados

A médica oftalmologista Dra. Renata Bastos Alves (CRM/SP 83686, RQE 58764), destacou os benefícios práticos do novo medicamento. Segundo ela, o uso do VIZZ amplia a autonomia visual de muitos pacientes. “O colírio promove uma miose suave que melhora a visão de perto sem comprometer a visão à distância. Estudos mostraram que, em 30 minutos, ele começa a fazer efeito, resultando em um desempenho que dura até 10 horas. Mais de 50% dos pacientes relataram conseguir ler documentos ou utilizar o celular sem óculos durante boa parte do dia”, comentou.

Dra. Renata Bastos Alves I CRM/SP 83686 I RQE 58764

Apesar das vantagens, a Dra. Renata alerta sobre possíveis efeitos adversos, ainda que leves. “Os principais relatos foram de cefaleia, irritação ocular e dificuldade de enxergar em ambientes escuros. É essencial que os pacientes sejam bem orientados, pois o VIZZ não substitui outras correções, como óculos ou cirurgias, mas complementa as opções disponíveis, ampliando a liberdade visual”, alerta.

Uma abordagem segura e temporária

Já a especialista em cirurgia refrativa Dra. Ana Vega Carreiro de Freitas (CRM 188301, RQE 85160), explicou o impacto técnico do colírio e sua segurança. “O VIZZ atua diretamente sobre o esfíncter da pupila, gerando o efeito pinhole, que aumenta a profundidade de foco e permite enxergar melhor de perto sem prejudicar a visão para longe. Este efeito é mais seguro do que o da pilocarpina, porque não estimula o corpo ciliar, evitando problemas como a miopia induzida ou tração vítrea”, destacou.

Dra. Ana Vega Carreiro de Freitas I CRM 188301 I RQE 85160

Ela acrescentou que cerca de 71% dos estudos realizados relataram ganhos visuais significativos, permitindo aos participantes avançar até três linhas na Tabela de Jäger, usada para medir a visão de perto. Entretanto, reforçou que o uso do colírio deve ser temporário. “Os efeitos adversos, como irritação ou visão turva, foram leves e transitórios. Mesmo assim, é importante orientar os pacientes sobre o uso, especialmente em situações de baixa iluminação. Para uma independência definitiva dos óculos, procedimentos a laser, como o Presbyond, são alternativas modernas, reversíveis e eficazes.”

Inovação com cautela

As médicas enfatizam que o VIZZ representa um avanço significativo no tratamento da presbiopia, mas não deve ser encarado como solução única. “Ele é um complemento que contribui para diminuir a dependência dos óculos em situações específicas, mas ainda não substitui outros tratamentos. Estudos mais robustos de longo prazo são necessários para determinar a segurança do uso contínuo”, afirmou a Dra. Carolina.

Além disso, as especialistas destacam o impacto econômico da novidade. O colírio já está disponível nos Estados Unidos com custo médio de 79 dólares por mês, mas ainda não há previsão para comercialização no Brasil, onde o preço pode ser alto, tornando o produto uma alternativa pontual.

“É, sem dúvida, uma evolução importante no tratamento da presbiopia, mas é necessário seguir sempre com cautela. A ciência está avançando, mas não existe solução milagrosa”, diz u Dra. Carolina destacando o papel da informação. “O melhor remédio é a informação, porque ajuda as pessoas a tomarem decisões conscientes que impactam na saúde delas”, finaliza.

O Portal Fique de Olho continuará acompanhando o lançamento do VIZZ no Brasil, bem como outras inovações na área da saúde ocular, para levar informações de qualidade aos nossos leitores.


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Sandra Fonseca

Jornalista com MBA em Marketing Estratégico, publicitária e especialista em Lançamento de Infoproduto, atua há 24 anos na área de comunicação. (MTB 28.336)

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