Com o passar dos anos, a conscientização e a busca por melhor entendimento por parte da sociedade com relação às diversas condições da saúde infantil, é indiscutível a necessidade de olhar além dos aspectos médicos e considerar o impacto das condições em áreas tão vitais quanto à saúde ocular das crianças.
Neste cenário, condições genéticas como o Autismo e a Síndrome de Down surgem como protagonistas, influenciando não só o desenvolvimento cognitivo, mas também a percepção visual e a necessidade de correção óptica.
Essas condições genéticas podem apresentar desafios únicos no que diz respeito à saúde ocular das crianças. Problemas como astigmatismo, estrabismo e miopia são frequentemente observados em pacientes com essas condições, impactando não apenas a qualidade da visão, mas também no desenvolvimento social e emocional. A necessidade de correção visual por meio de óculos de grau é uma realidade para muitos desses pequenos pacientes, exigindo atenção especializada e adaptações específicas. Detectar precocemente problemas visuais em crianças com Autismo e Síndrome de Down é essencial para garantir intervenções eficazes e melhorar a qualidade de vida.
Médicos e profissionais do mercado óptico ocupam papéis essenciais nesse processo, onde oferecem análise e orientações detalhadas, e soluções personalizadas para atender às necessidades únicas desses pacientes. A mediação precoce não só pode melhorar a capacidade visual das crianças, mas também contribuir para seu desenvolvimento global.
Pesquisas recentes destacam a crescente prevalência do autismo e da síndrome de Down no Brasil e em escala mundial. Essa tendência levanta questões importantes sobre a demanda por serviços e produtos ópticos adaptados para essas crianças. À medida que o número de diagnósticos de casos de Autismo e Síndrome de Down aumentam, é essencial que o mercado óptico esteja preparado para atender a essa demanda, oferecendo soluções inovadoras e acessíveis.
Diante dessa demanda, profissionais do mercado óptico enfrentam uma série de desafios ao lidar com crianças com essas condições, desde considerações de design até o atendimento ao cliente e a colaboração interdisciplinar. E esses desafios são oportunidades de inovação e melhoria dos serviços oferecidos pelas ópticas. Parcerias entre oftalmologistas, terapeutas ocupacionais, consultores ópticos e outros profissionais de saúde podem resultar em abordagens mais holísticas e eficazes para o cuidado visual dessas crianças.
A percepção do impacto das condições como a síndrome de Down no desenvolvimento visual das crianças é uma questão também que reflete em organizações como a APAERP (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais de Ribeirão Preto).
A APAERP percebe como um dos pontos fundamentais a identificação e intervenção em crianças que apresentem problemas de refração e estrabismo, assim como a dificuldade neurológica evolutiva, percepção de profundidade de imagens, aprendizado acadêmico e outros.
Os problemas visuais mais comuns em crianças com Síndrome de Down incluem miopia, astigmatismo, estrabismo, catarata congênita entre outros.
Para o neuropediatra Nelson Liporacci, o fator de maior dificuldade para esse público é o acesso a avaliações e aquisições de materiais necessários como óculos, tampões e colírios. Levando em consideração a importância dos cuidados com as crianças com necessidades especiais, a APAERP conta com profissionais de fonoaudiologia, terapia ocupacional, psicólogos, pedagogos, fisioterapeutas, assistência social e médicos, que participam da elaboração de projetos individualizados para cada criança. “Com base em dados recentes, há uma demanda reprimida significativa em todas as áreas que envolvem a reabilitação”.
O médico também ressalta que a visão é um dos principais elementos para inclusão da criança e repercute em todas as áreas do desenvolvimento. “Como exemplo podemos verificar que a demora da correção de uma refração pode levar a grandes consequências acadêmicas, nos movimentos, equilíbrio e percepção de expressões faciais. Há diferentes condições tecnológicas que permitem a reabilitação de uma criança com dificuldade visual, e elas precisam ser exploradas”, completa Liporacci.
Como optometrista pediátrica e terapeuta visual comportamental, Juliane Franceschini destaca a importância do cuidado óptico personalizado para crianças neurodivergentes, como aquelas com TEA e síndrome de Down. Para os profissionais engajados o mercado traz eventos ópticos que os mantém atualizados sobre inovações em lentes e armações voltadas para o desenvolvimento visual infantil, incluindo tecnologias para reduzir o impacto do uso excessivo de telas na saúde visual.
Há uma preocupação crescente em reduzir aberrações ópticas em dioptrias mais elevadas e melhorar o design de óculos infantis para maior conforto, especialmente para crianças com hipersensibilidade tátil. No entanto, encontrar ópticas especializadas e produtos adequados ainda pode ser um desafio para algumas famílias.
A adaptação de óculos para crianças com condições especiais pode ser desafiadora devido à hipersensibilidade tátil. Capacitar os profissionais e fornecer suporte durante o processo de adaptação são fundamentais para alcançar resultados positivos.
Segundo a optometrista, experiências clínicas mostram que soluções personalizadas podem melhorar significativamente a qualidade de vida visual de crianças com condições especiais, como no caso de um paciente com Síndrome de Down e Catarata Congênita, além disso, a colaboração com oftalmologistas e outros profissionais de saúde é essencial para garantir um cuidado integral. “Investimos em treinamento e parcerias para atender à crescente demanda por produtos ópticos específicos para crianças com necessidades especiais”.
Juliane também destaca a importância da adaptação correta dos óculos e da escolha adequada de armações e lentes para garantir o conforto e a eficácia visual das crianças. “Orientações adicionais e cuidado na tomada de medidas são essenciais para o sucesso do processo de adaptação”.
Para Luiz Gustavo Soares, empresário e CEO da Óptica Multivisão, inovações como as armações flexíveis, como as da marca NANO estão revolucionando o conforto e a durabilidade dos óculos infantis, especialmente para crianças com necessidades especiais como autismo e síndrome de Down. Esses novos modelos oferecem segurança extra com sistemas de troca de hastes por elásticos, tornando-os ideais para crianças mais ativas. No entanto, os desafios surgem na interação com os pais, cujo envolvimento excessivo pode dificultar a adaptação. Estratégias personalizadas, como emprestar armações para familiares usarem ou envolver colegas na personalização de tampões oculares, têm mostrado sucesso em melhorar a aceitação e o uso consistente dos óculos.
Para Soares, a colaboração estreita com oftalmologistas é crucial para garantir que os óculos atendam às necessidades específicas de cada criança, com ênfase na segurança e durabilidade das lentes. “Para atender à crescente demanda por produtos ópticos específicos, é essencial permanecer atualizado com as últimas tecnologias e necessidades dos clientes, mantendo um compromisso contínuo com a qualidade e a inovação”, finaliza o empresário.
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